Saturday, October 30, 2004

Trabalho de casa


Não saibas: imagina...
Deixa falar o mestre, e devaneia...
A velhice é que sabe, e apenas sabe
Que o mar não cabe
Na poça que a inocência abre na areia.

Sonha!
Inventa um alfabeto
De ilusões...
Um a-bê-cê secreto
Que soletres à margem das lições...

Voa pela janela
De encontro a qualquer Sol que te sorria
Asas? Não são precisas:
Vais ao colo das brisas,
Aias da fantasia...

«INSTRUÇÃO PRIMÁRIA»
Miguel Torga in Diário IX (18 de Abril de 1962)

Friday, October 29, 2004

Outra vez

De regresso às provas, calhou agora o Esporão branco Private Selection. Uma óptima surpresa. Com 14 graus e sabor a fruta doce, as duas garrafas a acompanhar o linguado frito à basca foram um exagero. Tal como o foi o Quinta do Noval Vintage 2000 a terminar. Muito melhor que o Silval 2000 provado há questão de dias atrás. Este Noval «sabia a morcela»? Era óptimo, e com a surrealidade que invade o quotidiano, tanto dá. A conta, essa sim, da terceira dimensão, parecia incluir o valor do trespasse do estabelecimento.

Wednesday, October 27, 2004

A prova

Não deveria ter acontecido. Almoçar sem qualquer razão com um Vale Meão de 2001 não deveria ter acontecido. Ainda por cima com um pregado frito com açorda de ovas. Mas fica a confirmação: é o melhor da praça. Mais uma prova na primeira oportunidade, de qualquer maneira, não irá fazer mal a ninguém. Quod abundat non nocet.

Tuesday, October 26, 2004

Ballad of the fallen

A Carla Bley salvou-me a noite de ontem. Envelhecida mas com a mesma aparência de sempre. A banda tocou meia dúzia de temas que passavam pelo «Amazing Grace» e terminaram com o Samuel Barber. Há dez anos, por ocasião da renovação do Tivoli tocou cá em Lisboa em grande estilo com a sua própria banda. Nem a filha conseguiu então estragar-lhe o concerto. Ontem quem lá estava mesmo era o Charlie Haden com a sua gente (incluindo o Bill Frisell?) e no final ondulou a faixa da Liberation Music Orchestra. Trinta anos depois dos 70. Em 2004, ao que parece numa zona tradicional agrícola de França.

Thursday, October 21, 2004

Umas crianças

É o que todos somos, afinal. No Terreiro do Paço, com a nova governação, não se lamenta a anterior gestão. A ementa recupera a antiga carta do chefe e difere das anteriores no mesmo local. O peixe galo estava óptimo e até o Sauvignon Blanc dos Lavradores de Feitoria ia bem a acompanhar. Saudades tenho das sobremesas da Bela Vista, sobretudo do pudim de ovos envolvida em folha crocante. Já quanto ao Presidente da Comissão, não sabe nem ao que vai. Somos todos da mesma idade. A que tínhamos à entrada da Faculdade.

Friday, October 15, 2004

It's good to be the King

O segundo Vale Meão ainda era melhor que o primeiro. E mantinha à distância o Syrah de 97 do José Bento dos Santos que mal serviu para aquecer. Para já não falar do branco da Borgonha que ficou apenas para as Senhoras. O Meão de 2000 não se confunde e continua a ser o campeão dos novos. A carne rendeu-se. Depois veio um creme de maracujá e bolo de laranja. Balvenie de 21 anos envelhecido em cascos de Porto, a música da Eliane Elias e a projecção em grande formato de um DVD com vozes da Concord. Não regresso sem programar a viagem com uma volta por Capetown, com ou sem passagem pela Namíbia.

Wednesday, October 13, 2004

The extra mile

O Armando João tem por missão não deixar que os investidores percam tempo antes de assinar os compromissos que anunciaram cumprir. Os papéis lá estavam prontos para assinar em cima da mesa à minha espera. Mesmo com uma quebra de energia a meio da reunião, reiterou o empenho quanto aos investimentos. Um novo modelo de obras públicas, com o patrocínio do Director Geral.

Sunday, October 10, 2004

Regresso

Foi necessário cá voltar para regressar às crónicas. Na bagagem para companhia vieram alguns episódios do Black Adder e algumas novidades de música recente. O Ben Harper com os Blind Boys of Alabama, pelas afinidades. Também o Nick Cave com os Bad Seeds. Esqueceu-me o último do Jarrett na aparelhagem de casa. A vida continua. «All is in the game».