Friday, November 11, 2005

«Unknown unto God»

A homenagem do Cenothaph em Withehall é presidida como sempre pela Rainha. A oração cabe ao Bishop of London e todos os membros da Commonwealth apresentam o seu respeito, logo depois dos membros do Governo e da oposição. Em último lugar, Mozambique. Todos os anos, em memória da assinatura do Armistício naquela data e hora, quase um século atrás. Compreendem-se assim as papoilas que são usadas desde o início do mês. Homenageiam-se todos os soldados de todas as batalhas. Os veteranos desfilam em frente do monumento, caminhando sentidos em homenagem. A pé, desfilam em silêncio. Os automóveis não são para ali chamados.

Tuesday, October 18, 2005

A capital

De regresso, as luzes de toda a zona metropolitana da capital espalham-se até aonde a vista alcança. Na última edição da Wine Spectator, um bom sumário de como provar vinhos. E a referência à magna feira de vinhos que terá lugar neste fim de semana em Nova Iorque, com as melhores casas de vinhos do mundo e mais umas centenas do melhor que há. Não volto a perder uma ocasião destas. Aqui tão perto, e regresso já amanhã. No Hotel, a mesma rotina, com o acolhedor e desta vez mais caloroso «Welcome back again, boss».

Sunday, October 16, 2005

Blackened Fish

Este pode ser dos sítios mais feios por onde tenho passado. Só por obrigação se repete a visita. Tudo é enorme e a imensidão de todos os espaços perde-se de vista. A entrada e zona social do Hotel pede meças a um pavilhão gimnodesportivo. Em vez de um Portugal dos Pequeninos, os Americanos têm no Texas várias Américas dos Grandes. Surpreendentemente, o blackened red fish do Golfo do México que o Pappas Seafood serve é dos melhores peixes que por fora tenho comido. Já para não falar dos caranguejos de carapaça mole fritos por inteiro.

Saturday, October 15, 2005

The Mall

Caminhar pelo Mall entre os celebrantes do 10º aniversário da Million Men March foi mais excitante do que visitar a exposição de 18 casas com aproveitamento de energia solar que competiam por um prémio de eficiência energética em frente ao Museu de História Natural. Ganhou a casa desenhada pela Universidade do Colorado, numa mistura de desenho pouco habitável mas muito poupador de energia eléctrica. A casa da Universidade Complutense de Madrid era bastante mais interessante na concepção, com um pátio deslizante que dava para «comerse unas pipas» no Verão. Também a da Universidade de Maryland que propunha uma estética irreprensível e muito habitável, longe do conceito de contentor forrado a paineis solares de muitas outras. Para concluir o dia, e sem eficiência energética, a confirmação de que o «The Palm» ainda é um sítio onde se deve ir para comer um excelente rib eye steak e onde as lagostas do Maine nos pratos dos comensais vizinhos sabem tão bem ou melhor que as nossas.

The Rules

Não há nada como um dia inteiro por cima do Atlântico para questionar as regras da dieta. E ainda se queixam de que não há posts novos. Ora quem conheça o serviço da British Airways sabe que a resposta mais difícil à pergunta sobre se se quer queijo ou sobremesa não é dizer «ambos» mas sim «não, obrigado». Quanto à leitura, o recente best-seller «The Rules of Work» prova que a diferença se faz cada vez melhor no capítulo do marketing - senão, como pode um livro que pede aos leitores que nunca revelem tê-lo lido ser um dos mais vendidos do momento? As bolachas de manteiga de bordo também não faziam parte das regras, mas lá tiveram que ir. O Hotel está renovado e cada vez melhor. A chave do quarto é logo entregue pelo Porteiro com o habitual «Welcome back, sir», para poupar demoras. Ainda bem, já era hora de ir ao Clyde´s comer uma steak salad. «No dressing, please». E haverá alguém que me grave o jogo de logo à noite?

Friday, October 07, 2005

A titularidade

Já deu volta à cidade. Na reunião de hoje, comunicaram-me que se tinham esquecido de verificar a titularidade. A não repetir. Demorou três meses, mas chegou cá. As notícias circulam - porque acabam onde começaram - mas não muito depressa. A espera para um avião de substituição fez-se devagar. A chave para o mesmo quarto do hotel vale para 24 horas, até que chegue o novo avião. Não tem nome. Mas está registado, diz o pessoal. O que interessa mesmo é a titularidade.

Thursday, October 06, 2005

O Feitiço

Era um jogo histórico. E para a viagem levaram águas, alimentos, lençois e almofadas, com medo de alguns pós para perturbar o sono. Falava-se ainda na necessidade de ser utilizado o telefone vermelho. Mas por cima de todos os medos, vinha o do feitiço. Maior ainda do que os que deviam ter depois de saber que as viagens dos melhores jogadores da equipa adversária tinham sido pagas pelos rivais directos para o apuramento.

Tuesday, October 04, 2005

A vingança

«Era só disto que queriam falar?» Afinal, não. Ainda havia tema para mais uma conversa grande, como quem não quer a coisa. E os documentos viriam logo a seguir, o mais depressa possível. Meia hora depois, confirmava-se o envio por telefone. Iriam ser já entregues no hotel. Não foram. Foi preciso esperar que o sono fosse profundo, às 5 e meia em ponto, para que da recepção um empregado insistisse em ter a minha assinatura a comprovar o recibo da entrega. Já nem liguei, por cá tudo pode sempre acontecer. E era bem feito, estava vingado o suposto desprezo. Por mim, ainda agora tenho também os documentos por abrir. Bem feito também. Tudo porque com toda a probabilidade o empregado se esqueceu da entrega urgente na própria hora e deve ter decidido ir entregar o mais cedo possível em vez de dizer ao patrão...

Tuesday, June 21, 2005

O Arquitecto

«Como é que é, tens titularidade?» Até lá, não se poderia decidir em sentido algum. Demoravam os papéis. «Alfredo, então?» E lá voltou outra vez o ajudante cuja função era trazer papéis e desagrafá-los. «Não, esse não podem levar, que é para o arquivo». Cheio de razão, o Alfredo. O chefe concordou. «A máquina das fotocópias avariou... se quer cópias, tem que ser a pagar». Não, levamos mesmo estes papéis aqui. E lá se salvaram algumas folhas do arquivo.

Saturday, June 18, 2005

Ossos do Ofício

A nova série do The Office não é ainda apreciada por cá. Nem a antiga. Talvez o Yes, Prime Minister seja mais adequado. Ou uma mistura do Dallas com o Rei de Beverly Hills (havia uma coisa qualquer parecida com este nome...). Ou porventura mesmo a Estrada do Tabaco, do Erskine Caldwell. Tudo reunido numa profusão de festividades modernas com futebolistas e desfiles de criadores de moda (designers...), diplomatas e patrocinadores. Uma coisa era certa: o Esporão tinto estava melhor que o Cabernet Sul-Africano. Já o branco de Stellenbosch pedia meças a qualquer um congénere dos nossos.

Monday, May 16, 2005

Westheimer Road

A noite foi de filme. Com duas festas de finalistas no Hotel e limousines brancas e pretas em fila na entrada.

Friday, May 13, 2005

Bentley's

Por detrás de Picadilly, na rua que liga à Regent Street está um dos tradicionais Oyster Bar de Londres. Mesmo a propósito, a rua é a Swallow Street. Come-se um empadão só de caranguejo e um Dover Sole no melhor estilo, que só peca por acompanhar com vinhos franceses à antiga. E agora, as habituais raparigas vindas do frio leste. Depois seguiu-se uma visita à exposição temporária do Caravaggio no National Gallery para recompor dos excessos do almoço. Estava esgotado! Teria sido necessário reservar. Vou tentar omitir que me limitei, como muitos turistas visitantes, a passear pelas alas de exposição permanente e acesso livre, até que o enjôo do calor me forçou a sair para o fresco da rua à procura de uma água mineral. E depois umas pastilhas numa loja de rua. Anunciava-se apenas uma salada verde sem temperos para jantar. Também quem se prepara para dormir num hotel do aeroporto não deve ansiar por mais.

Monday, April 25, 2005

Sir Francis Man

Na Boca do Rio Arade em Portimão a água fria não metia medo a quem gosta do mar. Depois da velocidade em frente das rochas para testar o vento, valeram algumas curvas dentro do pontão para ver se era mesmo este. Era. Só faltava discutir o preço.

Friday, April 08, 2005

A Diva

Estava cheio afinal o Casino para ouvir cantar a Ute Lemper. Para alguns era mesmo para a ouvir cantar. Para outros, era mais uma vez para falar e socializar. A «miss legs» do Chicago que tinha visto em Londres há meia dúzia de anos continua em óptima forma, bem disposta e com simpatias para o público. É um gosto ouvi-la e vê-la em palco. Valeu a pena. No final, o público pediu ouvir o La vie en rose em vez do Youkali. Já tinha cantado, e bem, o Sarabaya-Johnny, a pedido de um só espectador entendido.

Monday, April 04, 2005

O Aniversário

Faz quatro anos, mais coisa menos coisa, que tinhamos passado pelo Hotel de la Cité em Carcassonne. Agora, o Chef está por cá, no Hotel da Lapa, para uma semana de degustação. O foie estava excelente e o carré também. Faltou apenas o minervois para acompanhar. A sobremesa superava a imaginação, com crepes de rebuçado cristalizado recheados com sorvete de maracujá sobre queijo branco. Já por ocasião da Páscoa de 2001, o passeio pelo Languedoc e pela Provence tinha permitido a prova de muitas coisas boas. Arles, Aix-en-Provence, Avignon e todo o Luberon têm uma luz especial nesta altura do ano. E muito melhor culinária e vinhos que a Irlanda do ano que lhe antecedera. Mas poucos e fracos campos de golfe. De todos os modos, sempre é melhor do que passar todo um jantar à conversa com o escanção do hotel.

Saturday, April 02, 2005

19:37

Morreu um dos Grandes do nosso tempo. Por teimosia de um amigo, que teimou em ir vê-lo no Domingo de Páscoa em Roma, acabei também por vê-lo ao longe, na janela habitual sobre a Praça de S. Pedro depois da missa. Em poucas palavras e com humor falou então em castelhano para a grande maioria dos presentes. Depois choveu e fez sol, e a visita ficou completa. Foi em 99. Mas a recordação aviva-se agora. Mudou o Mundo e o Mundo mudou com ele. Seguiu os passos de Cristo. Sempre. Totus Tuus.

Tuesday, March 22, 2005

«Hasta siempre Comandante»

Não foi em homenagem ao ídolo guerrilheiro desaparecido em 67 mas apenas para almoçar servido pelo D. Celestino que herdou a Casa Fandiño que se viaja hoje por Allariz. Desta vez foi necessário esperar para depois fazer as pazes a bem. O caldo galego, o polvo à feira e o cabrito não têm igual. O Martín Codax e o Hacienda Monasterio na altura também não. E mais coisas ainda vieram. De sobremesa vieram castanhas em molho de laranja (e esta?), pudim da casa e tarte de queijo no forno. Até os licores de ervas fabricados na antiga farmácia da rua ao lado da praça valeriam a viagem. Esperemos voltar antes que passe mais um ano, como desta vez.

Monday, March 14, 2005

You may be lucky but you have to be good

É a regra da vida. Dá muito trabalho ter sorte.

Sunday, March 13, 2005

O paraíso não está a Sul

Sete horas, todos os jornais e uma pilha de revistas depois, cá estou outra vez. Já só faltam mais dezassete. Com o céu descoberto, vi os Atlas, o Sahara e outros desertos, li sobre o optimismo e o pessimismo, a mulher do Tony Carreira (a sério!), o Sideways, dez cidades a visitar em Espanha nesta Páscoa, o novíssimo mini iPod, a Eva Herzigova, as comendas femininas atribuidas pelo Presidente e ainda a moderna fractura digital nas economias subdesenvolvidas. Parece que três quartos da população mundial já vive em zonas cobertas por redes telefónicas móveis. O pôr do sol à medida que se aproxima o destino por cima das nuvens trouxe a saudade de uma visita às regiões setentrionais do globo e a vontade de procurar uma aurora boreal nas terras altas da Escócia ou nas costas escandinavas.

Thursday, March 10, 2005

A lista

À volta de uma lampreia na Tasca do João perdoaram-se afinal as vezes sem conta (192?) que foi necesário dar a volta ao tacho para encontrar e distribuir os últimos pedaços da dita. Por alguns referenciado como o Papa pela sua autoridade na receita do Minho, faz desde há muitos anos o arroz como ninguém. Menos pública é a sua atitude para com o Mourinho. Mas no que toca ao prato que o celebrizou, ninguém o condenará como a Sócrates. Depois de nos explicar que já não havia mais, olhou à volta e pensou que tinha sido mal empregue o verde tinto. Também não sairia da boca dele o mote grotesco inspirado na aguardente envelhecida da mesa do lado: «Para aqui não entram caceteiros nem se receita tomar xanax». Lá estaremos para confirmar.

Wednesday, March 02, 2005

- 4º

E meia hora de atraso. Depois das reuniões, alguém me meteu dentro do Palácio de Exposições. Um senhor grande com um cartão de Berlim até me ofereceu um carro em miniatura. Dois ingleses mais novos vestidos de igual comentaram comigo a estrutura do carro, os calendários de produção, as opções possíveis e até ajudaram a escolher as combinações de cores, insistindo para a visita à fábrica, a uma hora de Manchester, para a configuração final. Desde o emerald black ao black saphire, com diferentes interiores mais claros ou mais escuros, fica-se a saber que já não há cores simples nem chega dizer que se quer um metalizado de tal. Também já não há brochuras nem catálogos. Vem tudo em CD. As meninas ainda não são em formato digital.

Wednesday, February 23, 2005

Degusto

Com ou sem sotaque, este é um lugar de escolha certa. Para lá das influências italianas - a noite também não permitia grandes entusiasmos com os italianos - é o sítio certo para jantar bem e beber melhor. A equipa que se sentava a lado, mais exímia nisso do que no que tinha feito na relva do estádio um pouco antes, também comeu e bebeu com bom critério. O Chryseia 2003 será o melhor vinho português dos próximos tempos, diz o anfitrião. É o melhor de sempre, acho eu.

Thursday, February 17, 2005

«Mo Cuishle»

Há 12 anos que lhe vejo as estreias. Quem o viu saído dos anos 60 como cowboy na aridez do Oeste e depois, nos 70, convertido em polícia maniqueista de San Francisco estaria longe de adivinhar a carreira de relator fiel da condição humana. Filmou a frieza da morte em «Unforgiven» e a capacidade paternal de um cadastrado em «A Perfect World». Agora atacou a complexidade da vida e a simplicidade da eutanásia. Não vai passar sem crítica. Mas mais uma vez deixa uma marca.

Friday, February 11, 2005

72 horas

Nunca tinha estado tanto calor. Às quatro da tarde, na plataforma do aeroporto estariam para cima de 40 graus. Na sala de espera, enquanto me carimbavam o passaporte, não havia ar condicionado. No dia da assinatura houve ar condicionado na sala enorme acabada de estrear e até fotografias para cumprir a tradição. Só faltava a gravata do director-geral que assinava do outro lado da mesa. Não era precisa, porque era Sexta-feira. De regresso ao aeroporto, as malas passaram pelas máquinas que apitavam mas não estava ninguém para ver. Também não era preciso. Outra vez na sala de espera. Afinal, o ar condicionado funcionava. Tinha era que ser ligado. Depois o embarque, a recepção com flores no avião, o regime e alguns governantes na fila da frente. O comandante desceu para cumprimentar os passageiros, a quem tratou com familiaridade. Estariam 13 graus à chegada. Nada mau.

Tuesday, February 08, 2005

Os três porquinhos e o lobo bom

Quem atacou o almoço partilhado de Terça-feira de Carnaval sabia bem que ali mesmo, no Gradil, sobrevivem protegidos alguns exemplares do lobo ibérico. E que a história dos três porquinhos cabe mais a quem passa pelo aeroporto a caminho do hemisfério Sul. E, já agora, que com grande surpresa, na sala de espera da executiva há panfletos de promoção do mesmo lobo ibérico do Gradil. E, para finalizar, que o frio que a alcateia passa sabe melhor que o calor das cabines do avião.

Tuesday, February 01, 2005

O Hotel

Quem serve o Herdade do Perdigão Branco Reserva 2003 e o Má-Partilha 2000 a copo, merece a fidelidade dos clientes para o buffet do almoço. O halibut e o salmão estavam excelentes e acompanhavam bem o branco. Também o cherne em molho de limão e alcaparras com bolhinho de tomate e cebolinho. Depois, e para surpresa pessoal, acabei por repetir a pintada. Todos os doces mereceram a prova final, e a Maria, que já trabalhou no Alfonso XIII de Sevilha antes de ser importada para cá, acabou por fazer as despesas adicionais da conversa. Faltou o bread and butter pudding de vezes anteriores. Fica para a próxima.

Tuesday, January 25, 2005

Não havia necessidade

Mais vale uma lampreia na mão do que umas perdizes a voar. Sobretudo se for bem regada, desta feita com uma Reserva da Quinta de Roriz 2000, para tirar teimas. Quando as perdizes finalmente aterraram na caçarola, tinha-se passado para o Quinta dos Quatro Ventos outra vez. E depois não queremos fazer dieta... Ah!, e antes que me esqueça, o Vintage 2000 da Ferreira também estava bom. Aliás como todos os desse ano. E mais palavras para quê? O desempate da conta favoreceu os da casa, em honra dos de Carção.

Saturday, January 22, 2005

A Quinta de Roriz

O Sr. Silveira estava à nossa espera como combinado e acompanhou-nos pelas instalações da Quinta. Tinha preparado por indicações da Senhora Doutora a prova do tinto reserva de 2001 e do vintage de 1999. Ambos impressionantes, embora o tinto lutasse contra a temperatura fria do dia. Ganhou o vintage a preferência das provas. Um vintage entusiasmante, dos melhores que tenho memória. Animados pelas descrições das vinhas e dos trabalhos da vindima não sobrou muito na garrafa. O caminho de descida para a Quinta só por si já tinha valido a visita, e mesmo sendo apropriado para um todo terreno, fez-se bem com um carro vulgar. A subir, e depois das provas, fez-se ainda com menos preocupações. Os vinhos da Quinta estão no bom caminho da qualidade e vão continuar a merecer prémios como os que têm tido em anos anteriores, a ajuizar pela boa crítica que tenho lido. Vontade não falta de voltar para a época das vindimas. Quanto ao resto do programa do dia, e pela parte que se pode contar, depois de descer ao Pinhão, foi boa a posta de vitela maronesa no Vintage House. Mas memorável mesmo foi a sesta retemperadora que se seguiu à missa do Pe. Meireles antes do jantar da confraria.

Thursday, January 20, 2005

A lampreia

Love it or leave it, não há meio termo. Esta, a primeira da temporada, estava excelente. Nem vinagre a mais nem sabor a menos. E condizia às mil maravilhas com o Reserva da Quinta dos Quatro Ventos 2001 das Caves Aliança. Por acaso, um grande vinho, emparelhado com os melhores da nossa produção. Quem diria. Dos produtores de Sangalhos. Para a próxima semana ficaram agendadas umas perdizes das sérias. Mas se houver dúvidas sobre a autenticidade das mesmas, penso que me refugio outra vez na lampreia, que agora parece que há todos os dias, mesmo sem que o senhor da Casa Gallega saiba que muito provavelmente vêem de viveiros franceses e não dos rios da fronteira minhota.

Wednesday, January 12, 2005

A corte celestial

Sentaram-se ao fundo, em mesa redonda, sobre as árvores do Parque. Não faltava nenhum dos antigos. Levantavam-se em cerimónia coordenada para a mesa dos salgados e, no fim, dos doces. Qual deles faria anos? Cumprimentei apenas um, a quem devo muita estima, e que retribuiu os cumprimentos. Não o via há muitos anos e a idade passara para todos. De todos recebi lições, e de algum deles até fui Assistente. Ali, na clássica grande sala de jantar do Ritz via-os agora como dantes no Anfiteatro 1. Longe e equidistantes - de mim e dos demais pares.

Thursday, January 06, 2005

«Queria aqui dizer, faz favor...»

38. Afinal não tive que vender o meu carro para pagar a conta do almoço. Mas foi por pouco. Quase tive de convencer o escanção a abrir falência também. Alión 2000, para acompanhar o prato principal. Uma novidade, que vem referenciada como das mais cotadas añadas da casa. E para terminar um Vintage 2000 da Ramos Pinto. Tudo em copos e também serrviço a condizer. Ainda vou ter que optar por um familiar em vez de um carro a sério como deve ser. Logo hoje, que se receberam as primeiras propostas.

Sunday, January 02, 2005

Chuva quente

Terá sido também a Iemanjá que enviou a chuvada que me apanhou no meio do buraco 5. A paragem forçada dentro do carrinho não estragou o bom score de todo o percurso. Estava era longe de prever que o dia de amanhã viria a ser de dilúvio. Uma molha completa, da saída do hotel até à entrada no avião. Com uma banda de trompetes e tambores e um grupo de capoeira à chuva para despedida, em frente ao avião, na placa do aeroporto. Depois, de Congonhas para Guarulhos a correr, esqueçem-se as saudades mas não a vontade de regressar. Até para o ano, talvez.

Saturday, January 01, 2005

Iemanjá

A adorada musa dos ritos baianos encheu-se da abundância da nossa festa com flores brancas e taças de espumante francês. O espectáculo de fogo de artifício durou por muito tempo. As rosas terminaram no mar com desejos formulados e os tambores regressaram da areia para mais um espectáculo de percursão no pavilhão do jardim. A areia branca molhada passava dos tornozelos. Cumpriu-se mais um ritual da «virada». Faltaram as romãs de anos anteriores. «Nossa, a comer tanta romã, você vai virar milionário...» disse-me uma senhora de São Paulo na festa anterior.